Angústia
sexta-feira, março 19, 2010 | Author: S.O.S Resgate
Se a fé, segundo a Bíblia, é o “firme fundamento das coisas que não se vêem, mas se esperam”, diriamos que a Angústia é a firme agonia das coisas que não se vêem, mas se temem. Angústia é a agonia da agonia que está por vir. Não é a “dor em si”. É a “sala do pré-parto” do sofrimento.

Angústia é diferente de preocupação num aspecto em especial: convicção. Angústia é a preocupação feita convicção no coração daquele que teme. Quando não sabemos o que nos aguarda, nos preocupamos. Quando o futuro é uma incógnita, quando pode ser ou pode não ser, quando podemos ganhar ou perder. Angústia não. Angústia é quando temos certeza do mal que nos aguarda: o condenado sentado na cadeira elétrica; o pára-quedista sem pára-quedas, o torcedor do Flamengo assistindo seu time. Nenhum destes está “preocupado”. Cada um deles sabe que o pior os aguarda. Pode-se dizer que a agonia é o avesso da excitação. Excitação é a espera do prazer. Agonia é a espera do sofrimento.

Ninguém está isento da angústia em tempo algum. Fé não impede que a angústia venha, oração não imuniza contra a angústia e angústias há que nem o próprio poder de
Deus pode anular. E isso porque há angústias que fazem parte do propósito de Deus para nossa vida. E o poder de Deus está submisso à Seu propósito. Deus pode tudo. Só não pode ser anti-Deus. Não pode ir contra o que intentou.

No capítulo 22 do Evangelho de Lucas, vemos Jesus cumprindo um propósito de
Deus. Propósito esse que lhe trouxe extrema angústia. E nisso aprendemos a primeira lição desse texto: Deus pode ter para nós propósitos angustiantes e angústias propositais.

Existem várias fontes de angústia: - pecado (Sl 38.18), perseguição (Sl 142.3); abandono, solidão, ansiedade, fraqueza ante a tribulação (sentimento de impotência), dúvida, falta de fé (incredulidade). Mas existe um tipo de angústia diferente. A angústia que Jesus sentiu no Getsêmani: a angústia daquele que tem um chamado. A angústia de Jesus não era produto da falta de fé, pelo contrário, era uma angústia cheia de credulidade. Não era também produto da falta de oração, pelo contrário: ela se manifesta em gotas de sangue e suor justamente durante a oração. Jesus sabia que seria traído, julgado, sentenciado e executado nas próximas vinte e quatro horas. Não haveria escapatória. Mas, mesmo em meio a tanto desconforto, há algo de bom e proveitoso. Há lições para observarmos quando enfrentarmos situações semelhantes.

O primeiro conselho é: não mude seu costume por causa da angústia. Diz o texto que Jesus “saiu e, segundo o seu costume, foi para o Monte das Oliveiras” (verso 39). Jesus sempre ia ao Getsêmani para orar. Era um costume. Às vezes, quando estamos angustiados, não temos força e disposição para fazermos aquilo que era nosso costume. Na angústia não oramos como de costume, não cultuamos como de costume.
E o segundo conselho é: lembre-se do propósito. Há certas lutas das quais não podemos fugir, há sofrimentos que teremos que encarar e sabemos que não será fácil. O que Jesus fez? Lembrou-se do “propósito”: “Agora o meu coração está angustiado, e que direi eu? Pai, salva-me desta hora? Mas foi precisamente para esta hora que eu vim . Pai, glorifica o teu nome” (Jo 12:27). Quando estamos cumprindo um chamado de Deus em nossa vida, podemos nos angustiar, mas um alívio certo é lembrarmo-nos do propósito pelo qual fomos chamados.

Há ainda outro consolo para os “angustiados de
Deus”: A Presença Divina é certa. Diz o texto que “então lhe apareceu um anjo do céu, que o confortava” (verso 43). Nem todos os livramentos divinos acontecem com Deus nos tirando de determinada situação. Ás vezes é Ele quem entra na situação da qual nós queremos sair. Salvação é não estar sozinho. É isso que o salmista expressa no Salmo 91:15 (“Estarei com ele na angústia”).

Pode-se dizer também que a angústia não é a pior situação. Pior que a angústia é a indiferença. Para Caio Fábio, a angústia “é possibilidade de esperança. “Bem-aventurados os angustiados: deles é a esperança! Bem-aventurados os que estão gemendo de inconformidade com a própria vida, e a possibilidade de haver algo novo!”. Já o inconformado nada espera, nada sente. Sofre algo como uma hanseníase da alma. Não sente dor porque perdeu a sensibilidade. Para ele viver e morrer dá na mesma. Por isso acho que os suicidas não são os angustiados, são os que perderam a sensibilidade. E por fim, o maior consolo é este: angústia acaba. Não é eterna, não é como o carnaval na Bahia, não é como a energia da pilha duracel. Angústia um dia acaba. Jesus não ficou lá na cruz, não está lá mais. Só o Jesus do crucifixo é que continua na agonia. O Jesus de verdade subiu aos céus. Um dia, essa agonia terá fim.

Graça e Paz!!!
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